Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Membros da Assembleia Municipal,
Ao retomar o exercício das funções de membro desta Assembleia, após um período de justificada ausência, saúdo Vª. Exª , todos os demais membros, a Câmara municipal, bem como, o público aqui presente. Contrariamente ao que se supunha esta ausência, no geral, não esmoreceu nem a vontade nem a atenção no acompanhamento do debate político, dos seus efeitos, decorrentes da aplicação ou omissão de decisões e acções concretas. Aliás, cultivou a curiosidade, pelas novidades e modas, reforçou o interesse pelos factos e eventos e outras ocorrências que foram surgindo e, transportados, possivelmente, por audazes navegadores aventureiros, marinheiros e mercadores vindos de fora, de outros sítios ou paragens.
Justamente por isso temos acompanhado e apreendido os desenvolvimentos da transição desta década, onde , até, os mais distraídos já se aperceberam que a navegação se fizera à vista, com pequenos périplos pela costa, sob comando centralista, aceite acriticamente. Do passado, receberam uma frota de bons activos, beneficiaram das melhores condições climatéricas, águas maioritariamente calmas e ventos temperados, que não foram aproveitados para explorar novas rotas, competitivas, novas ideias, com uso a novas tecnologias, incentivando novos destinos e no apoio de novos sectores alternativos; optaram pelas viagens, relevaram o entretenimento, recreio e lazer, com muito consumo e despesismo associado, enredados em jogos de interesses menores, descurando a produtividade.
Como não há bem que sempre dure, os ventos mudam, o mar agita-se; crescem as vagas marítimas e a tripulação desassossega e impacienta -se. Isto não é possível reclama o Imediato, aflito, que acabara por reconhecer - contra vontade - a gravidade do tempo, deste espaço cheio de vazios carregado de nuvens sombrias e dificuldades acrescidas que a todos fustiga, atormentam e afligem; as quais nos pretendem fazer crer que a sua origem reside na crise generalizada, mas que todos sabemos, afinal, que esta, apenas, explica parte da preocupante e penosa situação actual.
O que ela fez, foi acelerar e pôr a nu, o resultado desse processo do desvario de decisões incompetentes, erros e omissões irresponsáveis, evidenciando a desnecessária sobranceria daqueles a quem o exercício legítimo das funções públicas recomendaria contenção, sobriedade e prudência.
Mostrou, também, que as políticas seguidas traduziram-se, genericamente, em opções de duvidosa utilidade, prioridades e acções desajustadas, contrárias ao que era necessário, esperado e desejável; produziram, invariavelmente, reflexos negativos na vida de cada um, concorreram com a iniciativa privada, arrefeceram o ânimo e a dinâmica empresarial, empobreceram-nos colectivamente.
Seria, portanto, fácil apontar o dedo e julgar alguém em particular, mas esse não é o objectivo que nos move; perseguimos valores políticos diferentes em dimensão e natureza.
Ao referi-lo, como reparo, queremos responsabilizar directa e politicamente os que estando legitimados para a governação, nos levaram para o impasse social e financeiro que nos encontramos imersos.
Recordamos, a propósito, sem pretender, daí, retirar qualquer benefício politico – partidário, que a realidade, hoje, seria outra, caso tivessem atendido, minimamente, os alertas, por nós lançados durante estes anos. Assim erradamente não o entenderam deixando, parecer acreditarem, que a diferença ideológica, “per si” seria suficiente para justificar a opção politica, isto é: entre aqueles para quem a despesa acima do rendimento e consequente défice não têm limite (não gostam de fazer contas) e os outros (que gostam de fazer contas – onde nos incluímos) e sabem que há limites orçamentais, e princípios éticos, que devem ser observados no respeito pelo serviço ao Bem Comum.
A inobservância destes princípios pode ser entendível de modo diverso, mas preferimos pensar que tal atitude se ficou a dever ao achamento do tesouro encontrado, no baú, fruto do trabalho árduo exigente e rigoroso; não justifica, contudo comportamentos ostensivos e faustosos e, menos ainda, fazerem gala de apelidar, depreciativamente, de gestores de mercearia, esquecendo-se que rotular alguém de merceeiro, neste sentido, é um acto de má educação e petulância cultural.
Logo, a experiência veio dizer que a razão não convive com arrogância dos que não gostam ou não sabem fazer contas e, que, o refúgio ao discurso demagógico das engenharias financeiras, serve para impressionar e dar ares de gente importante, mas não é sério, porquanto os que o usaram foram os mesmos, que, através desses estereótipos, nos conduziram a esta situação de penúria e frustração.
Todos aí estamos a sofrer os seus efeitos, particularmente agravados, para as novas gerações politicas, as quais, lhes fora retirado, ilegitimamente, a médio e longo prazo, a possibilidade de escolherem e desenvolverem os seus ideais, estratégias e projectos de vida em comunidade. Exauridas as finanças da corte, muitas delas usadas em vistosas incursões e apresentadas como de grande alcance e significado histórico cultural, de valor, pretensamente, científico como: a pesquisa o estudo e a formulação da tese das origens do farrabódó e outras congéneres.
Eis, que surge a força severa, imperdoável e inconveniente da realidade concreta, dura e objectiva, a contrariar, denunciando ser incomportável, económica e financeiramente, manter tão elevados consumos e luxos, impondo castigo com mão pesada, cortando a eito, aplicando sem dó nem piedade, medidas político-administrativas de austeridade e contenção, incompreensíveis, injustas e perversas, elaboradas e executadas a toda à pressa, reveladoras do completo desnorte.
No fundo acabam por vir confirmar, reflectir e reconhecer, aquilo que era sabido, grandes dificuldades concretas geradas pela incompetência e sonegadas durante algum tempo, onde não faltara a presença da propaganda, do auto elogio obreiro e da alegada exclusividade humanística, artística e cultural.
Sucede que, a verdade, tal como o azeite, vêm sempre ao de cima, diz o povo, e bem. E na política a mentira tem perna curta, sendo também, hoje, claro para os que, porventura, disso duvidavam, o recurso ao método do endividamento público excessivo, conduz ao aumento dos impostos e, por consequência, gera efeitos negativos, na actividade sócio-económica, individual e empresarial, acentua o desemprego e aumenta os desequilíbrios sociais e a pobreza.
E, agora, senhoras e senhores membros da Assembleia, estamos perante este indisfarçável e angustiante quadro de dificuldades, fruto das absurdas e insensatas políticas, exigindo ideias inovadoras e métodos rigorosos e um forte compromisso acompanhado de bom senso, lucidez e transparência, que assegurem e garantam a promoção de um clima de entendimento alargado na busca de um Rumo Novo, cujo processo passará, preferencialmente, por esta Assembleia, dado o seu âmbito e representação democrática. O desafio fica, pois, lançado.
Caberá a Vª. Exª, senhor Presidente da Assembleia, liderar, querendo, a iniciativa da operacionalização deste projecto, definir as bases a metodologia e a estratégia que o suportará, bem como, as abordagens na obtenção dos benefícios e contributos para reencontrar a ”fé” impulsionadora de um novo ciclo de esperança de progresso e de prosperidade social.
Acreditamos que será capaz de aproveitar o potencial politico e sócio-cultural disponível utilizando o que de melhor temos ao serviço da comunidade. Urge abandonar o fundo da mina, não continuar parado, à espera que algo surpreendente venha resolver aquilo que nos diz respeito, adoptando uma atitude política proactiva, que contrarie a resignação actual, combata o desânimo e o pessimismo existente nos sectores mais dinâmicos da comunidade, faça renascer a esperança, retome a confiança, acredite na capacidade humana para inventar novidades e reinventar modos de aplicação prática.
Disse.
Conteúdo interessante, mas maltratado ao ser publicado nesta forma que foi criada para ler/discursar. Sugiro que para a próxima adaptem o discurso a uma forma escrita mais clara, fluída, sem o exagero que a pontuação revela.
ResponderEliminarCaro Anónimo,
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário e informamos que o texto publicado é a versão integral do texto produzido pelo nosso Companheiro José Valentim Rosado.
Com os melhores cumprimentos.
GAP
PSD/Lagos