04 março 2011

INTERVENÇÃO DE JOSÉ VALENTIM ROSADO NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

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José Valentim Rosado


Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Membros da Assembleia Municipal,

Ao retomar o exercício das funções de membro desta Assembleia, após um período de justificada  ausência, saúdo  Vª. Exª ,  todos os demais membros, a Câmara municipal, bem como, o público aqui  presente.
Contrariamente ao que se supunha esta ausência, no geral,  não esmoreceu nem a vontade nem  a atenção no acompanhamento do debate político, dos seus efeitos, decorrentes da aplicação ou omissão de decisões e acções  concretas. Aliás, cultivou  a curiosidade, pelas novidades  e modas, reforçou o interesse pelos factos e eventos e outras ocorrências que  foram surgindo e, transportados, possivelmente,   por audazes  navegadores  aventureiros, marinheiros  e  mercadores vindos de fora, de outros sítios ou paragens.
Justamente por isso temos acompanhado e apreendido  os desenvolvimentos da transição desta década, onde , até, os mais distraídos já se aperceberam que a navegação se fizera à vista, com pequenos périplos pela costa, sob comando  centralista, aceite  acriticamente. 
Do passado,  receberam uma  frota de bons activos, beneficiaram das melhores condições climatéricas, águas maioritariamente calmas e ventos temperados, que não foram aproveitados para explorar novas rotas, competitivas, novas ideias, com uso a novas tecnologias, incentivando novos destinos e no apoio de novos  sectores alternativos; optaram pelas  viagens, relevaram o entretenimento, recreio e lazer, com muito consumo e despesismo associado, enredados em jogos de interesses menores, descurando a produtividade.
Como não há bem que sempre dure, os ventos mudam, o mar agita-se; crescem as vagas marítimas e a tripulação desassossega e impacienta -se. Isto não é possível reclama o Imediato, aflito, que acabara por reconhecer - contra vontade - a gravidade do tempo, deste espaço cheio de vazios carregado de nuvens  sombrias e dificuldades acrescidas que a todos fustiga,  atormentam e afligem; as quais nos  pretendem fazer crer que a sua origem reside na crise generalizada,  mas que  todos sabemos, afinal, que esta, apenas, explica parte da preocupante e penosa  situação actual. 
O que ela fez, foi acelerar e pôr a nu, o resultado desse  processo do desvario de decisões incompetentes, erros e omissões irresponsáveis, evidenciando a desnecessária  sobranceria  daqueles a quem o exercício legítimo das funções públicas  recomendaria contenção, sobriedade e prudência. 
Mostrou, também, que  as políticas seguidas traduziram-se,  genericamente, em opções de duvidosa utilidade, prioridades e  acções desajustadas, contrárias ao que era necessário, esperado e desejável; produziram, invariavelmente, reflexos negativos na vida de cada um, concorreram com a iniciativa privada, arrefeceram o ânimo e a dinâmica empresarial, empobreceram-nos colectivamente. 
Seria, portanto, fácil  apontar o dedo  e julgar alguém em particular, mas esse não é o objectivo que nos move; perseguimos  valores políticos diferentes em dimensão e natureza. 
Ao referi-lo, como reparo, queremos  responsabilizar directa e   politicamente os que estando legitimados para a  governação,  nos levaram para o impasse social e financeiro  que nos encontramos imersos. 
Recordamos, a  propósito, sem pretender, daí, retirar qualquer benefício politico – partidário, que a realidade, hoje,  seria  outra, caso tivessem atendido, minimamente, os alertas, por nós lançados  durante estes anos. Assim erradamente não o entenderam deixando, parecer acreditarem,  que a diferença  ideológica, “per si” seria suficiente para justificar a opção  politica, isto é:  entre aqueles para quem a despesa acima do rendimento e consequente défice não têm limite (não gostam de fazer contas) e os outros (que gostam de fazer contas – onde nos incluímos) e sabem que há limites  orçamentais, e princípios éticos, que devem ser observados no respeito pelo serviço ao Bem Comum. 
A inobservância destes princípios pode ser entendível de modo diverso, mas preferimos pensar que tal atitude se ficou a dever ao achamento do tesouro encontrado, no baú, fruto do trabalho árduo exigente e rigoroso; não justifica, contudo comportamentos ostensivos e  faustosos e, menos ainda,  fazerem  gala de apelidar, depreciativamente, de gestores de mercearia, esquecendo-se que rotular alguém de merceeiro, neste sentido, é um acto de má educação e petulância cultural.
Logo, a experiência  veio dizer que a razão não convive com  arrogância dos  que não gostam ou não sabem fazer contas  e, que, o refúgio ao discurso  demagógico das engenharias  financeiras, serve para impressionar e dar ares de gente importante, mas não é sério, porquanto  os que o usaram foram os mesmos, que, através desses estereótipos, nos conduziram a esta  situação de penúria e frustração.  
Todos aí estamos a sofrer os seus efeitos, particularmente agravados, para as novas gerações  politicas, as quais, lhes fora  retirado, ilegitimamente, a médio e  longo prazo, a possibilidade de escolherem e desenvolverem  os seus ideais, estratégias e  projectos de vida em comunidade.  Exauridas as finanças da corte, muitas delas usadas em  vistosas incursões   e apresentadas como de grande alcance e significado histórico cultural, de valor, pretensamente,  científico como: a pesquisa o estudo e a formulação da tese das origens do  farrabódó  e outras congéneres. 
Eis, que surge a força severa, imperdoável e inconveniente da realidade concreta, dura e objectiva, a  contrariar, denunciando   ser incomportável, económica e financeiramente, manter   tão elevados consumos e luxos, impondo castigo com  mão pesada,  cortando a eito, aplicando sem dó nem piedade, medidas político-administrativas de austeridade e contenção, incompreensíveis, injustas e perversas, elaboradas e executadas a toda à pressa, reveladoras do completo desnorte.  
No fundo acabam por vir  confirmar,  reflectir e  reconhecer, aquilo que era sabido, grandes    dificuldades concretas   geradas pela incompetência  e  sonegadas  durante algum  tempo, onde não faltara a presença da propaganda, do auto  elogio obreiro e da alegada exclusividade humanística, artística e  cultural. 
Sucede que,  a verdade, tal como o azeite, vêm sempre ao de cima, diz o povo, e bem. E na política a mentira tem perna curta, sendo também, hoje, claro para os que, porventura, disso duvidavam, o recurso ao método do  endividamento público excessivo, conduz  ao aumento  dos impostos e, por consequência, gera efeitos negativos,  na actividade sócio-económica, individual e  empresarial, acentua o desemprego e aumenta  os desequilíbrios  sociais  e  a pobreza.
E, agora,  senhoras e senhores membros da Assembleia, estamos perante  este indisfarçável e angustiante  quadro  de dificuldades, fruto das absurdas e insensatas políticas, exigindo ideias inovadoras e métodos rigorosos e um forte compromisso acompanhado de bom senso, lucidez e transparência,  que assegurem e garantam a promoção de um clima de entendimento alargado na busca de um Rumo Novo, cujo processo passará, preferencialmente, por  esta Assembleia, dado o seu âmbito  e representação democrática. O desafio fica, pois, lançado.
Caberá  a Vª. Exª, senhor Presidente da Assembleia, liderar, querendo, a iniciativa da operacionalização deste projecto, definir as bases a metodologia e a estratégia que  o suportará, bem como, as abordagens na obtenção dos benefícios e contributos para reencontrar a ”fé” impulsionadora  de um novo ciclo de esperança de progresso e  de  prosperidade social.  
Acreditamos que  será  capaz de aproveitar o  potencial politico e sócio-cultural disponível  utilizando o que de melhor temos  ao serviço da comunidade. Urge abandonar o fundo da mina, não continuar parado, à espera que algo surpreendente venha resolver aquilo que nos diz respeito, adoptando uma  atitude política  proactiva,  que contrarie  a resignação actual, combata o desânimo e o pessimismo existente nos sectores mais dinâmicos da comunidade, faça renascer a  esperança, retome a confiança,  acredite na capacidade humana para inventar novidades  e reinventar  modos  de aplicação prática.
Disse.

José Valentim Rosado
Membro da A. M. eleito na lista do PPD/PSD

28.Fev.2011

2 comentários:

  1. Conteúdo interessante, mas maltratado ao ser publicado nesta forma que foi criada para ler/discursar. Sugiro que para a próxima adaptem o discurso a uma forma escrita mais clara, fluída, sem o exagero que a pontuação revela.

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  2. Caro Anónimo,
    Obrigado pelo seu comentário e informamos que o texto publicado é a versão integral do texto produzido pelo nosso Companheiro José Valentim Rosado.
    Com os melhores cumprimentos.
    GAP
    PSD/Lagos

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